terça-feira, 28 de julho de 2009

Aff...Por essa...

Ontem, num fim de tarde cinza, feio e de uma chuva odiosa, fomos ao pediatra da Manuela. Já na sala de espera, vi que minha bebê não é mais uma bebê. Ficou sentada no colo do pai, olhando todas as outras crianças e pessoas e rindo pras nossas brincadeiras. Rs.
Na consulta, Manuela já interagiu com o pediatra e não gostou nada de ser virada de lado, remexida, aquela lanterninha nos olhos...Chorou!
Ela está medindo 62cm, e 6kg exatos. O chato é que ela só ganhou 600 gramas nesse mês. O médico me perguntou se eu estava tomando remédio, antes mesmo de me dizer o peso dela. Ele disse que Manuela não estava gostando do meu uso da pílula, que não existe pílula ideal durante a amamentação e que ela não alcançou nem a média do mês, que é de 900gramas... Como ela tinha crédito, ela continua bonita, saudável, mas, a pílula tem que ser descartada...
Eu fiquei chateada porque eu havia comentado com Antonio que Manuela brincava muito no peito ao invés de mamar a sério, nesse último mês. Pois é, ela reclamou da pílula no meu leite...
A dimensão do tanto que eu fiquei chateada é porque nesse período a gente não sabe se ovula, se menstrua, porque é tudo bem louco! E eu quero amamentar o máximo possível! É uma situação complexa para administrar por um ano, pelo menos...
Mas, é isso aí! Tirada a pílula, vou consultar meu obstetra ainda esse mês, mas, pela Manuela nada de pílula.
Esse equilibrio entre a volta à rotina pós parto e a amamentação é um assunto delicado demais...Eu penso que nós trabalhamos, cuidamos das nossas vidas e não temos mais tantos filhos como nossas avós e, mesmo em alguns casos, como nossos pais. Isso cria tantas dificuldades! Primeiro que o médico diz para não comer comida crua e logo pensamos que não podemos abrir mão do sushi...Começa nessas coisinhas e avança para tudo o que diz respeito à gravidez, parto, filho.
Outro dia uma mulher me disse que uma amiga dela nunca cumpria os dias de quarentena e após duas cesáreas já havia feito 14 cirurgias para cuidar de aderências...Não dá pra dirigir, fazer tudo, mesmo após um parto normal que eu me sentia melhor do que nunca, porque não estava mais carregando aquela barrigona! Rs.
E os médicos cedem a tudo...Alguns resistem em alguns aspectos...O primeiro pediatra em que levei Manuela, mais novo, perguntou da amamentação, eu disse que estava tranquilo, e que queria amamentar por um ano, no mínimo. Ele riu e disse um "É, vamos ver, né?". Porque ele está acostumado a ver todos os dias a maioria das mães chegarem lá já exaustas do processo de amamentação no primeiro mês do bebê...
Ainda na maternidade um pediatra falou bem assim pra mim: "Você já viu um bicho amamentando o filhote de outro animal? Normalmente não, né? É porque cada mãe tem que amamentar seu próprio filho".
E é por aí que a coisa deve ser pensada. O leite da vaca, da cabra não suprem as necessidades do bebê humano. E, estando a mãe no controle absoluto da vida do seu bebê, será que ela pode escolher oferecer menos ao filho? É o que de um certo modo é defendido pela encantadora de bebês...
Aquele pediatra que citei antes, me disse: "Só damos leite de vaca para casos de bebês cujas mães fizeram mamoplastia, são diabéticas e também, quando o bebê é prematuro ou nasceu com baixo peso. Fora isso, mãezinha, você deve dar leite ao seu filho".
Eu me pergunto se nós, envolvidas que estamos tanto com nossa liberdade, que nos leva a escolher um parto e não outro, uma forma de aleitamento e não outra, não estamos esquecendo da responsabilidade que há na maternidade? Há quem diga que eu sou uma conservadora. Mas, a mãe moderna, então, é aquela que faz todas suas opções pelo que lhe é conveniente ao invés de fazer escolhas mais convenientes para seu filho?
E eu resolvi escrever sobre isso porque a encantadora de bebês simplesmente adora mamadeira, não defende o aleitamento materno, e ainda insiste na dificuldade de saber se o bebê está mamando direito quando mama no peito, porque pela mamadeira dá pra saber exatamente a quantidade de leite ingerida pelo bebê...Ah, vacilo imperdoável dela...
Nos EUA houve uma campanha enorme nos anos 90 para que as mulheres voltassem a amamentar, porque o leite de vaca se popularizou e refletiu na saúde de uma geração de jovens americanos. E o melhor para o filho é o leite materno, não adianta justificar algo cujos prejuízos não refletem em nós, mas em outra pessoa, no filho.
O índice de cesárea nos EUA não ultrapassam 30%, sendo alvo de críticas inclusive, para que seja cada vez menor. Nos EUA como na Europa, a cesárea é escolha do médico, se impedido o parto normal. Aqui, os médicos celebram o fato de que eles não precisam ouvir uma mulher gritando para ter um filho, e demorando horas para isso. Eles preferem corta-la de ponta a ponta no baixo ventre, para treinar suas habilidades cirúrgicas. Inculcam nas mulheres a ideia de que o parto é uma coisa horripilante, tornaram a maioria absoluta das brasileiras umas defeituosas, porque eles sempre tem um motivo para fazer uma cesárea, e todo mundo acha que a dor pós cirurgia é melhor do que a dor do trabalho de parto normal...Vai entender!
Alguns fragmentos importantes:
"É atribuído ao aleitamento materno a prevenção de mais de 6 milhões de mortes em crianças com menos de 12 meses, anualmente."
"Está provado por estudos epidemiológicos que o leite materno protege a criança do risco de diarreias, sobretudo as crianças de baixo nível sócio-económico. Um estudo controle provou que as crianças não amamentadas tiveram um risco 3,3 vezes maior de desidratar na presença de diarreia, sugerindo, pois, que o leite materno tem influência não só na diminuição no número de episódios de diarreia, como também na sua gravidade."
"Estudos realizados em diferentes partes do mundo, com diferentes graus de desenvolvimento, sugerem haver por parte do leite materno uma maior protecção contra as infecções respiratórias. Tal protecção é mais significativa quando a amamentação é exclusiva e nos primeiros 6 meses, embora possa perdurar além deste período.
Está já feita uma associação entre aleitamento materno e menor número de episódios de otite média. "
"Provavelmente este facto deve-se à protecção do leite materno em si, que diminui a incidência e a gravidade das doenças."
"A alergia alimentar tem sido encontrada com menor frequência em crianças exclusivamente amamentadas. As dermatites atópicas podem ter o seu início retardado com a presença de uma alimentação natural."
"Apesar de não estar ainda bem estabelecida a relação directa entre o leite materno e certas doenças crónicas, começam a aparecer estudos na literatura sobre o papel do aleitamento materno na redução do risco de certas doenças auto-imunes, tais como a doença Celíaca, a doença de Crohn, a Colite ulcerativa, Diabetes mellitus e o Linfoma."
"O leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e o desenvolvimento da criança, além de ser de mais fácil digestão, quando comparado com todos os outros tipos de leite artificiais"
"Estudos efectuados demonstram haver vantagens significativas nas crianças amamentadas quanto ao seu desenvolvimento neurológico. No entanto, é difícil avaliar qual a contribuição de factores tais como a relação mãe - filho, características maternas e o ambiente familiar."
"Mais económico"
"Promove um maior vínculo afectivo entre mãe e filho. O acto de amamentar e de ser amamentado proporciona muito prazer quer para a mãe quer para a criança, o que favorece uma ligação afectiva muito forte entre elas. Trata-se de uma oportunidade ímpar de se criar uma intimidade, de troca de afecto, gerando sentimentos de segurança e de protecção na criança e de autoconfiança na mulher. " (forumdafamilia.com)
Eu achei realmente importante a orientação do governo federal para que a amamentação dure dois anos. Isso se harmoniza com a orientação da OMS. É, encantadora, não dá para sustentar o seu ponto de vista...
Algo a se refletir durante a gravidez já é o quanto nossas decisões atuais refletem em eventos futuros. E o bebê é um ser absolutamente dependente da mãe, é razoável que se espere desta todo o cuidado com a saúde de seu bebê. Até porque, mais tarde, as constantes doenças, pequenas ou não, levam a um desgaste enorme, afetando inclusive o casamento dos pais daquele bebê.
Minhas irmãs não foram amamentadas e passaram a primeira infância com problemas de saúde. Tiveram inúmeras crises de asma, infecção urinária, febres. Eu fui amamentada minimamente e não tive nada das doenças delas...Para todas as mães que eu pergunto sobre doenças e que amamentaram por no mínimo um ano, seus filhos NUNCA precisaram de hospital e o pediatra era só para a consulta mensal mesmo.
E, quando assistimos à mãe que está na prisão porque deixou sua filha alguns minutos no quarto e disso resultou em morte, será que não enxergamos o quanto pode nos custar ficar flexibilizando o que é importante para nossos filhos? O caso lembra o de Madeline, a pequena que estava em um quarto sozinha com os irmãos pequenos e desapareceu...Isso não é ser conservadora, isso não é ser moralista, isso é lembrar que ser mãe é uma responsabilidade enorme, que existe mesmo antes do bebê nascer. E não dá para não se responsabilizar diante de um filho...
É lembrar de Hannah Arendt que vê a nossa sociedade como a sociedade daqueles que nunca sao responsáveis por nada do que façam. É quase como se nossa liberdade na verdade fosse de mentira, porque só há responsabilidade onde há liberdade.
Na natureza, onde o instinto guia os animais sem uma esfera de liberdade plena, o homem pode ser diferenciado porque é livre, é responsável por todos os seus atos...Por certo, a liberdade de escolha impede finalmente que possamos dizer "eu não pude fazer isso ou aquilo", sem que a justificativa não seja inafastável.
E podemos ajudar mais nossos filhos - não somos como um pinguim que morre congelado para chocar o ovo de seu pinguinzinho, mas, podemos protegê-lo, torná-lo forte, permitir-lhe melhores condições físicas e emocionais. Como dizem nas maternidades: "Não é mesmo mãezinha?" Rs. É sim! Rs.
É encantadora, nessa você está absolutamente errada...
Beijos meio xoxos porque ainda estou triste pelo ganho de pouco peso da Manuela.
Gilda

2 comentários:

Alan disse...

Anne teve um intervalo de 25 meses entre a última menstruação antes de Louisa e a primeira depois dela, mais ou menos 16 meses desde que Louisa nasceu. Usamos camisinha às vezes mas nada de pílula até agora.

E essa encantadora... maior bola fora. Sinceramente já teria jogado este livro fora.

Houve um documentário na TV Inglesa aqui mostrando 3 abordagens de criar bebes: anos 50, 60 e 70. Esta encantadora parece perfeitamente anos 50... Assistindo aqui nós apelidamos de "nazista" a baba que seguia esta linha dada a forma abominável com que ela queria incutir a rotina no bebe, nada de parentes, nada de leite materno, hora para dormir e bla bla bla. E haja ver a mãe e bebe chorando... traumatizante, para não dizer cruel.

Anônimo disse...

Meu parto foi cesária, tive pressão alta durante a gravidez, e constatado a pré-eclampsia fui afastada do trabalho inclusive, além disso minha bebê tinha a cabeça maior que o canal para o parto normal, ela não encaixou. Infelizmente não consegui amamentar por muito tempo, foi frustrante pra mim, fiz tudo o que estava ao me alcance, pedi ajuda de outras mães, de banco de leite, bomba elétrica para o leite não secar, mais tarde fiquei sabendo que foi devido a mamoplastia que eu havia feito que poderia ter cortado alguns canais, por isso o fluxo de leite era pouco, minha filha tinha refluxo, fui saber algum tempo depois que poderia ter atrapalhado também no processo da amamentação, tinha e ainda tem, ainda sofre com vômitos e está sempre pouco abaixo do peso, mas nada preocupante; porém amamentei até onde pude e complementava depois com fórmula infantil pois ela já havia perdido muito peso, mais que os 10% que o normal no início. Devido a tudo isso e talvez outros fatores também com hormônio e tudo mais acabei entrando em depressão. Muito se fala em aleitamento materno, mas quando não é possível, como proceder? Eu chorava junto com minha filha por me sentir incompetente e impotente diante do problema. Graças a Deus tirando o probleminha do refluxo que já deu bons sustos; ela nunca ficou doente, nem sequer um resfriadinho.