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É o seguinte. Manuela está expressando tudo o que vê com clareza. Fala frases completas, sem algumas letras, sem o "r", ainda, mas com clareza. Rs. Isso é ótimo, mas muda muito nossa relação, no sentido de que torna-a mais profunda para Manuela, que agora compreende tudo o que lhe digo.
Manuela tem algumas características peculiares. Como conversamos com calma sobre o que fazer, ela normalmente chora pouco, compreende a situação, ou mesmo se distrai com outra coisa e não há dramas. Ontem, por exemplo, estivemos na PBKids. Gente, é bem tranquilo ir lá com Manuela. Eu conversei muito com ela, sempre que íamos lá. Expliquei quando não ia levar algum brinquedo, expliquei quando ia comprar. Incentivei-a a ver os brinquedos, até pegar, mas devolver ao lugar. Ontem, ela olhava os brinquedos e dizia: esse não tenho! Os que ela tinha, dizia: esse eu tenho! E não fez um escândalo, comportou-se muito bem.
Pediu ao pai dela um brinquedo, ele disse que compraria e pronto, isso a deixou satisfeita. Nem levamos nada da loja, ele disse que compraria em outro momento e ela aceitou tranquilamente aquela proposta.
Mas, havia o dedinho na boca...Começou com a imitação dos coleguinhas que, ou chupavam dedo ou chupeta...Mas, ela percebeu que isso a acalentava nos momentos em que os adultos lhe diziam "não"...E assim um comportamento ruim para ela acabou tornando-se rotina...
Eu conversei com ela, disse que não era bom para seus dedinhos, para seus dentes e que ela podia reclamar com a mamãe e não precisava chupar o dedo...Ela me atendeu imediatamente e parou de chupar o dedo por 15 dias...aí, teve um resfriado e recomeçou...Nada que eu dissesse surtia efeito...Ela fechava os olhos e fazia movimento negativo com a cabeça...
O pediatra me acalma sempre dizendo que isso passará. Mas, é uma questão emocional para Manuela e como converso muito com sua professora, concordamos que ela é consciente do que está fazendo e optou por chupar o dedo...Então, isso poderia se estender ao longo dos anos...Isso eu não quero mesmo, para o bem físico e emocional da Manuela!
Semana passada, meu marido estava muito chateado com esse hábito da Manuela e pediu-me que procurasse um especialista...Eu tentei mais uma conversa...Expliquei que seu dedo já estava machucado, que seus dentes iam ficar feios, que ela entendia que não queríamos aquele hábito e que nesse ritmo teríamos que usar remédio local. Ela gosta de remédios e quase não menciono isso, mas ela reagiu imediatamente quando disse que poderia ter que ir ao médico para cuidar dos dedos...Chorou, reclamou que queria por o dedo na boca, mas tirou-os...
Compartilhando o computador com o primo |
Comentei com a professora no dia seguinte à minha conversa com Manú. A professora também conversou com ela e todos os dias tem me dito que ela não pos mais os dedos na boca...Ufa!
Mas...Esse é só um exemplo de todas as questões emocionais que minha filha vai apresentar nos seus primeiros anos de vida. Sentimentos, confusão, medo e reações que ela aprenderá a lidar, positivamente ou não. E eu queria poder ajudá-la bastante nesses momentos. Mas, sem entender completamente o que se passa com minha filha não conseguirei ajudá-la.
E, definitivamente, não compartilho da mentalidade de muitas mães que acham que já nasceram sabendo tudo sobre o emocional de seus filhos, ou não se preocupam com isso porque "filhos se criam com a vida" ou resolvem tudo com as "lições" que receberam de suas mães: dão tapinhas fracos, médios ou "fortinhos", gritam, ameaçam, barganham(...), fazem chantagem emocional e, às vezes, até ofendem os filhos...
Como eu já vi uma mãe dar tapa na boca do filho de 2 anos, porque ele a mordiscou, porque estava na fase em que a criança está descobrindo seus dentes...Ou briga com o filho de 4 anos, porque ele, doente, pediu para comer e depois viu que não queria (quem não fez isso já?)...Ou, bater no filho em público porque deixou-o fazer peraltices perigosas, até que o filho caiu e ainda apanhou da mãe, que do alto de seu pedestal, nada fez, a não ser ameaçá-lo caso se machucasse...Ou, por fim, coloca o filho em coleiras porque não quer ter o trabalho de conversar com o filho ou prestar muito atenção ao que ele faz...Esse é o nível (péssimo) que eu vejo e faço o possível para não deixar nunca acontecer na minha relação com minha filha! E isso dá trabalho, sim, mas, vale aqui um "HELLOOO"...Tudo que é bom na vida dá trabalho, sim. Quem busca o rápido, fácil, congelado nessa vida tá ficando com o menos gostoso ou com o ruim mesmo...
Eu sempre reclamo, porque não aceito nenhuma forma de educação que agrida crianças...Não adianta! Falamos, raciocinamos, desprezamos a violência, mas a praticamos contra nossas próprias crias? Isso é cruel!
Eu quero conhecer mais do que Manuela expressa, de suas atitudes, quero participar positivamente da formação de sua personalidade. E preciso aprender muito a conversar com ela sobre seus sentimentos, medos, confusões.
Encontrei uma referência muito boa para leitura e reflexão, também. Existe o partnership for children em vários países. Um projeto lindo de educação emocional para crianças e no Brasil há alguns anos em escolas públicas de são Paulo já é aplicado. Bom, né? No Brasil chamam de amigos do Zippy's.
Olhem os links: http://www.youtube.com/watch?v=Gq4ychrRkQA
http://www.amigosdozippy.org.br/
Como é muito falsa toda essa história de que mãe só erra para o bem do filho, que mãe só quer o bem do filho, blá,blá,blá...Seria muito mais importante para o mundo se muitas mulheres analisassem bem suas vidas e reconhecessem que não tem disposição ou tempo para aprender a cuidar de um filho...Ou admitissem seus erros e corressem atrás de corrigi-los, ajudando mais seus filhos. É disso que a maternidade faz sentido: formar um ser humano melhor do que a gente, mais educado, mais maduro, mais preparado. Que as mães avaliem: isso eu não faço para mim, mas para meu filho eu faço. Ofereço-lhe uma dieta muito boa (por que ficar com a mediana? eu hein...), ensino-lhe a respeitar, ser honesto, compartilhar, dignidade etc.
Porque está tão difícil de conviver, ultimamente...As pessoas tonaram-se pequenos reis cujos reinos são circundantes aos seus umbigos. E aí, é mãe aprisionada às ordens do filho, filha manipulando o pai, mentiras, drogas, filhos treinados para muitas pequenas mentiras do dia-a-dia e mais outras tantas maiores...Está difícil de conviver com alunos que odeiam todo e qualquer professor, que escrevem mal, não tem cultura, mas nenhum professor parece ser competente, que já agridem os professores com uma naturalidade, tratam todos com menosprezo...
Não aguento mais crianças mal educadas, mimadas, que não sabem ouvir não, que querem tudo no seu tempo...E pior! Elas crescem e viram adultos insuportáveis!!! Manipulam, mentem, destratam as pessoas...Nem sombra do tipo de ser humano que gostamos de dividir espaço...
Sempre tive consciência da responsabilidade da maternidade e não adiantará, depois, querer culpar minha filha por suas falhas de caráter...Eu e o pai dela somos os maiores responsáveis por isso...Inclusive por observar seu comportamento dentro e fora de casa...
Nós estamos ali no começo da vida dos nossos filhos para ajudá-los a ver o mundo, sentir o mundo, conviver com o mundo. Eles entenderão que o mundo não os serve, mas o mundo troca conosco o tempo todo...Ou não...Criaremos monstrinhos egoístas que jamais serão capazes de compartilhar, trocar...
Beijos...
Gilda