quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Nem eu acredito direito!

Ontem,
Manuela chegou da escola e pediu pra beber alguma coisa.
Eu ofereci-lhe água. Ela rejeitou, abriu a geladeira e pegou a caixa de suco.
Quando eu disse que era melhor ela beber água, porque eu estava fazendo uma comida pra
ela, ela respondeu contrariada: nãooo! sai, mamãe, é meu!! agarrou a caixa e repetia: é meu, é meu!
Pode? Pode...Mas, não é cedo, ainda pra isso?
Mais ou menos. Porque estive em uma palestra de uma psicóloga que tratava da educação emocional da criança, e ela falou em possessividade a partir dos 2 anos. Manuela está quase lá. É menina, vai um pouco mais rápido que os meninos. Rs.
E todas as psicólogas e pedagogas concordam mais ou menos na mesma coisa: Não há razão para maiores preocupações, ou temer que o filho seja um super egoísta desde pequeno. Sabem aquelas baboseiras que você escuta dos mais velhos do tipo: "mas, fulaninha já é ruim desde pequenina!"...Ui! Rs.
As respostas emocionais da criança devem ser acompanhadas de perto pelos pais, mas não basta só isso. É preciso saber avaliar aquelas respostas e saber como agir - ciente de que a ação dos pais sobre os filhos é uma intervenção significativa, a maior influência no comportamento dos filhos.
É forte, né? É, muita responsabilidade, sem dúvida.
Se a criança passa a se comportar com frequência maior de forma egoísta, até agressiva, aí os pais devem, tão logo percebam isso, intervir. Conversar, explicar como agir de forma diferente e, em alguns casos, não permitir mesmo que a criança satisfaça sua vontade demasiado egoísta.
Alé, claro, gente, da principal educação: O EXEMPLO.
Dizer "não" a um filho é uma das boas lições que os pais podem oferecer-lhes. Não adianta associar o "não" ao autoritarismo do "não porque não!"...Ah, por favor, né? Vamos avançar no diálogo, não ficar achando que para dizer "não" tem que fazer igual ao vovô, puxar o cinto...Aff! Sem paciência para estupidez, né? Rs. Dá para dizer não sem gritos, coação, abuso. E pronto!
Outro dia gravei um episódio do "american idol" para assistir. A primeira candidata já chegou dizendo que ia ganhar, que era linda, tinha os olhos mais lindos que os jurados já viram (!!) e foi ridícula...Fez passos de dança do ventre mal feitos, sentou no chão e disse que fazia pose de yoga, como se isso fosse torná-la uma celebridade! E cantou mal...Até aí, nada demais porque boa parte dos candidatos ali dão vexame mesmo. Mas, os jurados devem dizer "sim" ou "não" aos candidatos. Toda a candura da candidata se esvaiu quando ela ouviu dos 3 jurados um redondo "não". E perguntou como eles ousavam dizer não a ela...Eles se assustaram com a reação agressiva dela...
Aquela menina que nem era tão linda, nem cantava bem, nem dançava bem provavelmente não está acostumada a ouvir não dos outros. E não ouvir "não" faz muito mal à pessoa...O "não" raro causa choque, revolta até! Nunca é bem recebido...
Por que sua filha deve ouvir que é a melhor em tudo, sempre? Por quê? A intenção dizem que é boa, para proteção dos filhos. Desculpem, a intenção não é boa. Por isso que de boas intenções o inferno está cheio. Porque as que lá estão não são boas, elas "se dizem boas"...
Não dizer "não" ao filho evita que o filho chore, que faça birra, dê escândalo...Evita uma conversa, evita que os pais tenham que convencer o filho de um ponto de vista novo...Enfim, dá mais trabalho. E, lá na frente, quando seu filho se torna um adolescente ranzinza, você culpa a adolescência...Aff, gente, o que mais tem por aí e ninguém repara são adolescentes legais, sabiam?
Pais que conversam com seus filhos, dizem "sim" e "não" têm adolescentes legais em casa. Já os que não conversam e diziam "sim" para tudo e de repente resolvem "proibir muita coisa", não...
Mas, como sempre, culpam-se os pobres dos adolescentes...Os pais, nunca...Aff!
Sou mãe e não vou repetir essas bobagens passadas de geração para geração só para "limpar a ficha" de cada pai e mãe omisso que tem por aí...Por isso ainda estou indignada com o "cala a boca, Gisele!"...COMO ASSIM? ELA NÃO FALOU NADA DE ERRADO!!
 Aff, gente, à medida que o tempo passa, percebo que é tão polêmico falar de educação...Ninguém quer assumir a culpa pela má educação dos filhos...Ninguém, nem pais, nem educadores, nem o próprio filho...
Sem um análise consciente de cada um, sem a mudança nos comportamentos...Fica difícil falar em educação...E pior falar em "educar"...Como educar essas crianças mimadas, que não podem ouvir não, que correm pra mamãe para se protegerem de tudo e todos? Como?
E que tal se eu resolver definir a minha filha pelo horóscopo dela?
"Independentes, voluntariosos, são desde pequenininhos avessos à autoridade, ordem e imposição. Entre a vontade de alguém e a própria vontade, escolherão sempre a deles.
Rápidos, são um pouco prematuros em tudo. E acelerados também. Comem rápido, movem-se rapidamente e aprendem a fazer tudo de primeira. Impacientes e apressados, podem ser um pouco estabanados durante a infância."
retirado do site http://www.marciamattos.com.br/kids1.html

Olhem, eu sempre li horóscopos. Adoro! Planetas, lua, sol, amo tudo isso. Colecionava horóscopos e ainda sei muito do meu signo. Sim, já fiz mapa astral. É muita curiosidade para uma pessoa só: eu. Rs. Acho uma leitura da vida muito interessante mesmo. Mas, eu nunca defini minha personalidade ou afirmei "sou taurina, braba mesmo, não posso mudar".
Não, sou braba mesmo porque meu pai sempre falava alto, firme, nunca o vi demonstrando fragilidade, a não ser quando minha avó faleceu. E sou braba também porque minha mãe fala alto e quando a família dela reúne parece que está rolando uma super briga, porque todos riem muito alto, falam muito alto, gritam enquanto conversam, uma loucura!! Rs. Eu falo alto, e dizem, sou a que falo mais baixo na casa da minha mãe. Rs. Falo com firmeza, sou muito mal interpretada, mas eu já consigo me conter agora. Rs. O tempo e a reflexão trazem mudanças leves em você. Mas, muito do que nos tornamos não conseguiremos mudar. E não é porque sou taurina. Pode ser que também seja, né? Yo non creo en las brujas, pero que las hay...Rs.
Pois bem, eu vejo a Manuela em tudo o que estava escrito sobre crianças de áries. Ela é acelerada, precoce em algumas coisas, mas, muitas outras crianças são, e o comportamento da criança é desencadeado pelas relações afetivas que ela estabelece com quem está ao redor. Pais, amigos, parentes, educadores etc. Não aponto para outras pessoas ou fatores como causas determinantes do comportamento da Manuela, porque as maiores influências da minha filha são a mãe dela e o pai dela. E à frente há um longo caminho de conversas, descobertas conjuntas, afetividade, erros e acertos. "sim" e "não" para as coisas serem equilibradas.
Para finalizar, antes de ter a Manuela, vi uma cena num shopping que me deixou horrorizada. Rs. Um pai com o filho de uns 6-7 anos. O menino queria um jogo que o pai prometera a ele. Pois o jogo não tinha na loja...Eu e Antonio entramos na loja para ver alguma coisa e presenciamos...O menino parecia o pai da relação. Ele deu a ordem ao pai: eu só saio daqui com o jogo na mão. E o pai, amedrontado, coagido pelo filho, repetia: mas, meu filho, o rapaz disse que não tem na loja. E o menino estava impassível, aborrecidíssimo: eu só saio daqui depois que ele buscar o jogo em outra loja!
Saímos da loja horrorizados com a cena...Mas, depois disso já vi filho com muito mais de 6-7 anos dar ordem na mãe: "eu vou sair com o carro", "eu vou pegar a namorada, tem que estar disponível o carro pra mim naquela hora"...E a mãe, coagida, repetindo: "não se preocupe, faço tudo antes e vai dar tempo de você ir lá buscar a namorada"...Onde já se viu filho mandar/coagir pai e mãe? E o que esperar desses mesmos filhos nas relações com as pessoas fora de casa? Humhum...Melhor não saber...Ou melhor, não cruzem pelo caminho deles, porque se disser um "não" a eles podem se arrepender...
Aqui em casa, enquanto Manuela não consegue entender e conversar, tiramos os objetos de egoísmo dela, fazemos um carinho, a distraimos. Quanto mais ela entender e conversar, mais vamos ampliando nossas conversas e intervenções. Se a gente sabe o caminho a seguir para que se fazer de desentendido, né mesmo? Rs.
Beijos
Gilda

Um comentário:

Tatyane Garcia disse...

Amiga, mais um post excepcional! Sábias palavras!

beijoss