sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

vocabulário da Manuela e linguagem...Rs

Palavrinhas da Manuela...Rs
1. qué danoninho!
2. qué pupo (suco)!
3. qué andando
4. qué polo (colo)
5. quê isso?
6. qué pá lá (quero ir pra lá)!
7. abaço, mamãe! (abraço)
8. é u tio (é o tio)
9. gada, mamãe, qué gadar (guarda, mamãe, quero guardar)
10. cadê u papai?
11. ele mexe e anda
12. qué mais, mamãe!
etc.
Rs.
Na disciplina de biologia do desenvolvimento eu ouvi que se a gestação humana durasse 18 meses, os bebês já nasciam falando. Rs. É porque ao nascermos nosso cérebro ainda não está completamente formado, o que já começa melhorando quando nascemos por parto normal, sabiam? É que a passagem do bebê pelo canal vaginal já aproxima os lados do cérebro. Quando há cesárea, isso é retardado.
Pois é, o tamanho da cabeça articulada com o peso do cérebro, o metabolismo, os neurônios, tudo passa por uma constante evolução e se estabilizam em fases diferentes. Por isso os especialistas indicam idades diferentes para cada tipo de atividade. Para brincar de modelar, para brincar de montar, para alfabetizar-se uma criança, iniciar uma atividade física, como ballet, judô etc.
Mas, faltando alguns meses para completar um ano, aproximadamente, as crianças já começam sua fase linguística, falando suas primeiras palavras. Ela expressa significado pelas coisas. Eis a semântica aí. Rs.
Aqui em casa Manuela disse uma vez, de forma isolada "mamãe", assim, certinho. Uma amiga estava comigo e ficamos todas assustadas, porque saiu assim de repente. Rs. Depois, a palavra dita e muito repetida foi "adê?"...Manuela nasceu perguntadeira...Rs.
Eu li que alguns sons ainda não são captados pelos bebês, por isso eles não falam muita coisa. Tudo é uma questão de maturação, afinal. Por isso é comum crianças que já falam bem terem dificuldades com alguns sons, como é o caso do "R". Ou, ainda, omitirem o som da última consoante das palavras, como "qué" ao invés de "quer".
Ó a Manuela aí! Rs.
O que eu sempre achei muito interessante é o fato dos especialistas afirmarem que, apesar das crianças falarem pequenas frases, como as da Manuela que expus lá no começo, seu desenvolvimento cognitivo é bem maior. Além disso, suas frases curtas teriam significados maiores do que o que fora expresso, significariam pensamentos mais complexos. Ou seja, se nós já temos dificuldades em colocar todo nosso pensamento em frases longas, nas crianças acontece o mesmo. Elas colocam em pequenas frases pensamentos bem maiores. Muito interessante, né? Talvez isso explique o aborrecimento delas quando não entendemos tudo o que elas querem, né? Rs.
Talvez elas se irrtem por não conseguirem dizer tudo o que pensam e porque nós não conseguimos captar tudo o que elas querem. Rs.
É comum, também, que a criança dê diversos significados a uma palavra. Porque ela vai associar as cores, os formatos, a expressão.
Outro dia, Manuela viu um outdoor da hot wheels, em que aparecia um carro verde na parte superior e cinza com riscos na parte inferior. Imediatamente ela o chamou de "balele", e todos os dias em que o outdoor estava lá, Manuela chamava pela "balele". Percebi que no outdoor só aparecia a metade da frente do carro, que era esportivo e muito parecido com o da baleia que desenhamos para ela - Com riscos na parte inferior. Rs.
Ou, ainda, o caso do cuzcuz...Rs...Temos um poodle branco chamado cuzcuz. Manuela convive com ele desde que nasceu e estava aprendendo a chamá-lo...Rs...Ela o chamava de "uzuz", no início. Aí, passamos umas semanas em Belém, em julho do ano passado. Lá, ela conheceu a cachorra sem raça, de cor amarela, que minha irmã cria, chamada lola. Ela aprendeu rapidamente a chamá-la de lola. Agora? O cuzcuz é lola e ponto final! haahahahahah. Quando o chamamos, ela sabe que se trata dele. Logo ela sabe que o chamamos de cuzcuz, mas ela quer chamá-lo de lola e pronto! ahahahah. Nosso bulldog chama-se otto e Manuela o chama corretamente. Outros cães ela chama de "auau". Mas, o cuzcuz, tadinho, passou a ser lola! Rs.
Quando a criança já constrói uma oração do tipo sujeito + verbo, normalmente significa o agente e sua ação, como em "bebê qué", "ele mexe". Acho interessante que Manuela quase não falou "bebê qué" ou variações disso. Ela diz simplesmente "qué pão". Outro dia, ela pegou uma roupa e disse "é meu". Isso me deixou curiosa, porque ela formulou na primeira pessoa! E ela não deveria estar ainda na terceira pessoa? ...
Bem, até os seis, sete anos a criança tem muito que aprender. Passar das duas palavras para cada vez mais aperfeiçoar sua pronúncia, aumentar o vocabulário, deixar de imitar a construção do verbo que ouve do adulto e aprender a construí-lo corretamente. É por isso que algumas crianças falam orações corretas, mas com o tempo fala errado e só mais adiante se corrigem. Elas teriam deixado de simplesmente imitar como o adulto fala, para entender como falar. No início ela pode entender errado e com o tempo consertar tudo.
Por isso, adultos, é tão útil falar corretamente com seu filho, ensiná-lo a falar corretamente. Vocês sabem o quanto é difícil para um adulto mudar vícios de linguagem? É muito difícil falar corretamente quando desde criança a palavra foi aprendida com erro...
Eu entendo que nós, adultos tenhamos nossos vícios de linguagem, mas precisamos ter lucidez a respeito disso, para, inclusiver, conseguir consertar os equívocos! Caso contrário, falaremos errado sempre, e pior, ensinaremos errado nossos filhos, o que é lamentável, porque os alunos acima da mediocridade falam e escrevem corretamente o português...Ensinar errado um filho trará a ele mais dificuldades na escola, obviamente, e prejuízo no desempenho escolar...Os pais já entenderam que eles influenciam diretamente nos sucessos e fracassos dos filhos, né? Ah, bem!
Depois, eu, nas inúmeras turmas de universitários em que ministrei aulas, tinha que ler provas pessimamente redigidas, erros grosseiros de português, e pior! Os alunos - já adultos, reclamando o tempo todo de como a língua portuguesa é difícil...Também! Cresceram ouvindo os pais falarem "pra mim fazer, pra mim comer, pra mim pegar..." e muitas outras bizarrices linguísticas...
E eu lembrando que meu pai, professor e bioquímico, sempre que podia, explicava o significado correto das palavras para mim, não falava errado e detestava mediocridade...Pais são exemplos de vida. Forte, né? É, também acho. Por isso não venho para a internet falar em alimentar os filhos com porcarias ou a oferecer o "mais ou menos" para os filhos. É muito fácil (e lamentável) optar "pelo mais ou menos" e por aí se repete, ainda, a estupidez do tipo "ah, eles se criam de qualquer jeito"...hum, hum...
E eles mordem os coleguinhas, agridem, são violentos, doentes, frequentemente, gordos, obesos, anêmicos...Hum, hum...E os pais não tem nada a ver com isso...Hum,hum...
E ainda tem um jornalista estúpido (ai, isso não é uma redundância?) criticar a Gisele Bundchen porque ela falou em amamentação por mais tempo...
É de chorar o péssimo nível das informações e jornalismo que circulam no mundo...
Mas, a internet permite o acesso à tudo quanto é informação de qualidade, também. Lembrem-se disso. O que não falta na internet é dicionário, estudos de gramática e mil coisas para ensinar corretamente. Não esqueçam que em matéria de língua a infância é O momento! Tá?
A idade é um fator a ser levado em conta quando o assunto é uma segunda língua, inclusive. Vocês sabiam que já fizeram pesquisas com imigrantes que aprenderam a falar como os nativos norte americanos e a idade de migração era entre os 3 e 7 anos. Dessa idade para frente, eles chegaram à conclusão de que se torna pior a aprendizagem da segunda lingua e mais forte o sotaque.
Pois é, pais, acompanhem o desenvolvimento da linguagem de seus filhos. Será muito bom para eles!
quem quiser uma leitura sobre a apreensão da linguagem pela criança, aqui:
1. PINKER, Steven. O instinto da linguagem: como a mente cria a linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 200
2. CHEVRIE-MULLER, Claude, NARBONA, Juan. linguagem da criança. aspectos normais e patológicos. Rio Grande do Sul: artmed, 2005.
3. AIMARD, Paule. O surgimento da linguagem na criança. Rio Grande do Sul: Artmed.
4. VYGOTSKY, Lev Semenovich. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins fontes.
Já é uma bibliografia inicial interessante.
Beijos,
Gilda

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