segunda-feira, 11 de maio de 2009

As piedosas

Há um escritor argentino, Frederico Andahazi, que escreveu dois livros. Eu os li e gosto muito! Seu último livro tem justamente o título que dei à postagem de hoje. As piedosas do livro são irmãs, as piedosas a que pretendo me referir aqui são mães...
Ontem foi o dia comemorado, mas todos os dias são das mães. Com todas as nuances que ser mãe significa, com todos os conflitos e diferenças no exercício da maternidade, todo dia é dia delas.
Três dias antes de Manuela nascer minha mãe chegou aqui. Nas 25 horas que se seguiram até que Manuela nascesse foram duas mães que ficaram comigo. E são elas que me trouxeram à mente o título dessa postagem. Minhas piedosas doulas. Já pensei em definir a atividade da doula, mas o que seria mais preciso do que o exercício da compaixão? Por favor, nada de entender a compaixão como o sentimento de pena. Não, quem já leu Milan Kundera sabe de que compaixão eu me refiro. A de dividir com o outro sua paixão, seu sentimento, e até mesmo sua dor.
Penso eu também que sentir o que o outro sente é muita pretensão. Mas, é um exercício, de apoio, de conforto, de troca. E é isso que pude experimentar ao lado das minhas piedosas doulas. Mesmo no momento em que a dor me insensibilizou, me irritou, mas, foi bom demais tê-las ao meu lado, e nunca vou esquecer suas palavras, seus gestos, e extrema delicadeza delas, surpreendentes no momento em que tudo fica nervoso, ansioso...
Mas, cheguei à luz, enfim.
A maternidade está ligada à luz, vida, e é muito triste quando a morte interrompe a vida de um filho...A maternidade me traz à mente uma situação oposta a que descrevi acima...No fim do ano passado, uma amiga minha faleceu...Eu pensei que ela fosse chegar a conhecer minha filha, eu gostava demais da minha amiga, ainda é difícil pensar no que lhe aconteceu...Mais difícil é pensar na dor da mãe dela...Inimaginável...Passados esses meses, e agora com Manuela, o que eu parecia não conseguir dizer à mãe da minha amiga parecem possíveis, agora...
Ano passado, a irmã de um amigo, uma menina que conheci aos 12 anos, faleceu acidentalmente, aos 27 anos...Muito triste...
Que dia das mães imaginar para essas mães? Não...Que dia-a-dia imaginar para essas mães...
A essas mães me compadeço de suas dores, de sua tristeza. É muita pretensão, sei, não posso sentir a imensidão das dores delas, mas, sinto de fato muita tristeza e sua dor é comovente.
Se tem um mistério nessa vida, aquilo que me deixa absolutamente no escuro, é a morte. A que é vivida com toda a intesidade por quem fica vivo, por quem sente a perde de quem gosta, por quem fica com a "migalha" da lembrança...fragmentada, insuficiente...
Beijos
Gilda

2 comentários:

Alan disse...

muito inspirado e inspirador.
Bjs, Alan

Anônimo disse...

Gilda, Lembra daquele texto que eu te passei há uns meses atrás. Ele é perfeito´! Reamente é como uma mágica e só entendemos após darmos a luz. Muitos beijos e aproveite, pois agora você entrou para o paraíso de ser mãe. Rafa.