sábado, 16 de outubro de 2010

Vamos brincar? Brincar de quê? Para quê?

Oie!
Hoje o tema é brincadeira...Rs
Primeiro, uma pergunta: Por que a criança deve brincar? Além de ser divertido e fazer bem a todo mundo, crianças e adultos, brincar é uma excelente forma da criança se conhecer e conhecer o mundo ao seu redor. Está ligada, assim, à percepção, ao desenvolvimento e à criatividade da criança.
Os estudos sobre a brincadeira e o denvolvimento infantil foram tão felizes que brincar é reconhecido, atulamente, como direito da criança:
"7º Princípio – A criança tem direito à educação, para desenvolver as suas aptidões, sua capacidade para emitir juízo, seus sentimentos, e seu senso de responsabilidade moral e social. Os melhores interesses da criança serão a diretriz a nortear os responsáveis pela sua educação e orientação; esta responsabilidade cabe, em primeiro lugar, aos pais. A criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos da sua educação; a sociedade e as autoridades públicas empenhar-se-ão em promover o gozo deste direito."
 Através das brincadeiras das crianças é possível perceber como anda o seu conhecimento do mundo, a sua capacidade de abstração. Legal ver Manuela pegar uma bolinha, colocar sob sua blusa e dizer para mim: "cadê?"...Rs...Provocando-me a entrar na brincadeira. Rs. Ou, então, quando ela sabe que tem que trocar a fralda e brinca de não me deixar tirar o velcro da fralda, rindo, com o olhar provocativo, me chamando a rir também e brincar com ela. E então, se eu entro na brincadeira, ela levanta, sai correndo segurando a fralda, para ao longe, rindo e mexendo no velcro da fralda. Então, eu corro para pegá-la, arracando gargalhadas dela e a brincadeira continua...Rs.
Alguns meses atrás comprei um jogo de memório bem baratinho, de papelão. Porque ela não sabe jogar ainda, e ia destruir do mesmo jeito...Rs. Pois ela receonheceu na casinha de cachorro do jogo, a casinha do nosso bulldog...Então, ela agarrou o desenho da casinha e dizia o dia inteiro "Otte", referindo-se ao cachorro. Rs. Claro que ela perdeu logo o desenho, mas agora ela pega a cartela do jogo e procura a casinha do Otto...E repete "Otto, Otto, Otto" (sim, agora ela já fala Otto, direitinho. Rs).
A brincadeira, como disse antes, é boa porque dá prazer, e essa é sua primeira finalidade, né mesmo? Mas, como a criança está em formação, a brincadeira possibilita o aprendizado, desenvolvimento e a criatividade. Então, em cada idade a criança estabelecerá brincadeiras diferentes com o mesmo brinquedo, inclusive. Faça seus experimentos, também! Eu comecei a reapresentar à Manuela os brinquedos que oferecia a ela quando ela era bem bebezinha. Rs. E agora ela brinca mais com eles e de formas diferentes. Achei bem interessante!
Sabem aquele tapetinho em que colocamos os bebês para tentar pegar objetos pendurados? Pois é, Manuela anda agarrada a um deles, que faz barulho, porque, ultimamente, ela adora tudo que faz som, música. Rs. Ela mesma aperta os bichinhos para ouvir sons diferentes. Os mordedores agora viraram bonecos, que ela já ensaia brincar junto com outros bonecos dela.
Li um estudo sobre brincadeira e desenvolvimento infantil em que se afirmava que até os 6 anos de idade é o período que as brincadeiras das crianças mais evolui. Se buscarmos Vygotsky, as brincadeiras permitem a interiorização de uma série de significações. A criança pode conferir significados diferentes aos objetos que usa em suas brincadeiras. Entram em ação a imaginação e a criatividade.
Impossível falar em brincadeiras sem levar em conta a motivação que se oferece à criança, às tendências que esta criança apresenta, e o papel das pessoas que rodeiam a criança e atuam nos significados e resignificados que ela vai construindo - de si mesma, das outras pessoas, dos objetos e situações.
Não dá para ignorar o quão "coletiva" e "social" é a brincadeira, no sentido de que ela é apresentada à criança conforme a comunidade que integre, e, também, que a brincadeira acaba por ter um papel especificado ou mesmo estereotipado. Assim, tem menina que nunca brincou direito com uma bola, a não ser quando ela tenha escapado dos pés de algum menino e caido diante de seus pés, e ela, desajeitadamente, devolveu a bola aos seus "donos", os meninos...Rs.
Manuela ganhou várias bonecas...De mim? Não. Rs. Todo mundo acha que deve dar uma boneca a uma menininha. Rs. Por isso, eu não dei, ainda. Rs. Mas, eu mesma, adorava minhas bonecas e brinquei com elas até o início da adolescência. Com bonecas pode-se criar histórias, reproduzir a vida cotidiana com todas as nossas informações e mais a fantasia (melhor que as novelas chatas de hoje em dia! Rs) e sem contar o senso estético. Eu fazia mil roupas para minhas bonecas! De tecido mesmo, adorava!
Mas, Manuela pega as bonecas e maltrata...Rs...Arranca os cabelos, não sabe o que fazer com elas. Rs. Mas, também tem várias bolas, de tamanhos diferentes e adora cada uma, tenta agarrá-las ao mesmo tempo, é uma farra constante com elas. Rs. Claro, muita gente acha que isso é legal enquanto Manuela é pequena, mas que com a idade deva começar a brincar só com bonecas...E a coitada da minha filha vai começar a perceber que o que as pessoas que se aproximarem dela mais vão fazer é pretender "ditar" seus modelos culturais, seus valores, suas regras..."Meninas devem vestir-se assim, assado...", "Meninas não brincam de bola...", etc etc...Ai, haja conversa com Manuela para ajudá-la a responder de forma autônoma a tanta interferência. E ainda há dúvidas de que a criança integra ativamente da nossa contrução cultural?
Por isso me irrita profundamente quando alguém perto de mim fala: "mas, ele vai só pra brincar mesmo na escola...". Me irrita porque não acho que estamos aqui a passeio. Se assim fosse seria tão, mas tão mais fácil viver! Mas, temos que estudar, aprender, para podermos nos comunciar direito, trabalhar e pagar 30 anos por um imóvel próprio...E por aí vai...E acho que o maior prejuízo pessoal e coletivo é não querer estudar ou aprender nada...Porque é horrível conviver com gente que só se empolga para falar de BBB, novela de qualquer canal que seja, que não discute política, religião e futebol...
Biologia é vida, psicologia é vida, direito é necessário, política é necessária, educação é necessária...Não tenho que saber apenas diferenciar tijolos e argamassa, porque sou engenheiro. Eu tenho que me educar para a vida, para o que como, bebo, faço do meu corpo, mente, porque isso influencia a saúde pública, minhas relações sociais...E pior, influencia profundamente a vida dos meus filhos...
É, eu não engulo isso de que "filho se cria de qualquer jeito" mesmo, porque já temos pesquisa e informação para sabermos que isso é uma grande ilusão...E não dá pra enfiar comida enlatada, fritura, refrigerante, qualquer porcaria em bebês e achar que isso é a coisa mais legal que os pais podem fazer por seus filhos...É, eu tento fazer um blog com um tom mais neutro, mas, não sou neutra, detesto neutralidade. Já se sabe muito do que faz bem ou mal às crianças. Só não vê quem está a fim de que "o filho se crie de qualquer jeito" mesmo...Rs...Aiaiaiai Gilda...
Eu cresci ouvindo minha mãe dizer que a professora sempre teria razão e eu estaria sempre errada...Rs...Que professor bom é o mais severo...Ela achava que escola era lugar para todas as severidades do mundo, que não era lugar de brincar...Por outro lado, conheço o tipo de mãe que os filhos não podem sofrer severidade alguma, que ninguém pode falar mais seriamente com eles, que eles tem que brincar, se divertir, e tem o apoio materno para serem maus alunos, inclusive porque ela esconderá tudo do pai, os protegerá de...Rs...As mães sempre valeram-se de autoritarismo, chantagem emocional ou qualquer outra porcaria do tipo para lidar com os filhos. Vamos ficar repetindo isso? Por favor, né?
A criança vai para a escola para desenvolver-se plenamente, interagir de forma criativa, inteligente. Ser estimulada. Não fazer todo mês um concurso diferente, né? Miss caipira, rainha dos jogos do colégio, aluno com maior média em matemática...
 

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