quinta-feira, 30 de julho de 2009

Hum! Rs

Um dos comentários passados me levou a pensar no quanto é diferente a relação de mãe e filho na Europa e na América do Norte e do Sul. Daí que lembrei do Vygotsky. Ele foi um prodígio, infelizmente morto de tuberculose com apenas 37 anos. Mas, enquanto vivo leu tudo o que havia sido produzido de conhecimento - 1896-1934.
Para Vygotsky, o ser humano é moldado conforme suas interações com o seu meio, o que torna a educação um processo histórico-cultural-social. Sua análise parte de estudos biológicos do homem, associando desenvolvimento biológico, psicológico e social. Interessante, não?
Para ele, o homem acessa de forma mediata os objetos, conforme os símbolos sociais lhe ofereçam recortes do real. Nesse processo humano, a cultura e a linguagem são fundamentais para o homem interativo de Vygostsky. A criança, o aluno, o homem estão todos aprendendo juntos, porque estão dentro do mesmo grupo social.
Interessante isso porque no livro de biologia do desenvolvimento que eu estava lendo, há exemplos de diferenças culturais que refletem diretamente sobre a educação e formação do homem. Como em algumas partes da Africa, onde as mães retardam o andar dos filhos, porque tem que carregá-los junto ao corpo no dia-a-dia; como nos EUA, em que as mães dão horários de amamentação e sono aos filhos, porque tem que trabalhar; ou ainda, em algum lugar que não me lembro agora (Rs) em que os bebês andam antes dos 10 meses, porque são exercitados por seus pais e irmãos desde que nascem. Conforme o estímulo do meio, o desenvolvimento do bebê será "mais rápido" ou "mais lento" se comprararmos culturas distintas.
Aos 4 meses de vida, segundo os pediatras brasileiros, o bebê está preparado para dormir uma noite inteira. Dependendo do hábito do casal esse marco de desenvolvimento pode ser adiado. Até os 6 meses o bebê só precisa de leite materno. Tem casal que não dá o leite materno, casal que tira o leite antes desse prazo. Casal que acha normal que seu filho fale "mais tarde", porque alguém da família também começou a falar mais tarde. A fala é um processo individual e cada um tem seu próprio desenvolvimento, que pode acabar atrasado por causa de premissas equivocadas. Assim é que o estímulo é muito importante para que o desenvolvimento do bebê seja acompanhado com êxito. Para que se saiba o que não está se desenvolvendo na época em que se considera mais propícia, também. Não engatinhar envolve pular processos neurológicos, por exemplo, importantes ao bebê.
Bater num bebê, numa criança, ainda que seja aquele tapinha educador, é o insuperável...Ensina-se a violência física desde pequenino. Ensina-se que a violência física em graus pequenos é tolerada e educa...E assim caminha a humanidade...
Nos conduzindo a pensar se é possível algum dia alcançar princípios educativos universais para o homem...A partir de qual modelo, alguém me responde? O nosso? O europeu? O norte americano? Hum...
Continuamos na esfera da comparação, na busca por métodos mais inteligentes, mais coerentes com o que entendemos ser o melhor para nossos bebês, ou mesmo, alguns só querem saber o que está aí sobre educação para adaptarem às suas vontades próprias...Enfim, Tudo o que já foi dito e escrito sobre educação depende do nosso bom senso em saber como usá-las, quando, onde e porquê usá-las.
Minha mãe diz que pediatra "é um cara que foi muito judiado da mãe e por isso agora judia do filho dos outros"...Ahahaahahah.
É porque 3 pediatras que me visitaram na maternidade foram explícitos: mamar a cada 3h, 15 minutos em cada peito, não mais do que isso e não ter medo do choro, porque o bebê vai chorar....Era sair o pediatra e minha mãe reclamava, entrava outro, repetia a mesma coisa e, saindo, minha mãe reclamava...Rs.
E quando o pediatra perguntou se tínhamos conseguido que a manuela dormisse no berço e dissemos que ela só dormia no berço, ele elogiou, minha mãe não se conformava...Na minha infância, havia uma porta de comunicação do quarto das filhas para o quarto dos meus pais...Toda noite tinha pelo menos uma de nós estava dormindo na cama com eles, e foi assim até meu pai falecer, quando eu, mais velha, já tinha 13 anos...Minha mãe reclamava um monte, mas não sabia o que fazer para mudar isso.
Hoje, eu penso no quanto isso era um mau hábito, no quanto isso poderia ter sido administrado de forma diferente por meus pais. Enfim...Rs...Nós atrapalhamos um bocado nossos pais! Rs.
Beijos
Gilda

Um comentário:

Alan disse...

Gilda! Pensas um pouco como era a vida e o meio no qual o Homo Sapiens evoluiu: não havia quartos, não havia onde bebes engatinharem, viviam em grupos pequenos e nômades e bebê que não mamava morria e mãe que não tinha leite não deixou ADN para contar história.

Então onde está o erro nos filhos dividirem a cama com os pais? Sexo? Pergunte como os indios administram isto e eles nem vão entender a pergunta. Não por ignorância mas simplesmente porque não tem cabimento.

Nem se precisa ir a indios ou pré-história. Muito destes "modernismos" surgiram há menos de um século!

Uma curiosidade: Louisa mal engatinhou. Foi basicamente do colo para ficar em pé, ainda que andasse se apoiando em qualquer coisa que servisse até que deu os primeiros passos sozinha por volta dos 13 meses.